Exatamente um mês após a vinda de Dilma Rousseff ao Ceará, ocasião em que a presidente anunciou um pacote de R$ 9 bilhões para combater a seca no Nordeste, parlamentares foram ontem à tribuna da Assembleia Legislativa e criticaram as ações desenvolvidas pelo governo federal.
Eles denominaram de “inconsistentes” as medidas, além de denunciarem que o milho prometido não está chegando aos redutos tocados pela estiagem. Mais uma vez, o deputado Wellington Landim (PSB), que também é relator da Comissão Especial de Combate à Seca da Casa, disparou críticas contra o governo federal, que, sob seu olhar, peca principalmente pela falta de planejamento.
“Enquanto nós estamos aqui, no dia a dia da Assembleia Legislativa, brigando para que sejam perfurados novos poços profundos, um diagnóstico aponta que existem 1.254 poços que foram cavados e lacrados e que não estão sendo colocados em funcionamento para o consumo humano ou irrigação”, disse, reforçando que “é desperdício de dinheiro, falta de planejamento, que foge à compreensão de qualquer homem sério da administração pública”.
Para o parlamentar é um “desconsolo” o fato de que, enquanto os governos estadual e federal, além da Cogerh, Sohidra, Defesa Civil, Exército, Dnocs e Funasa realizarem uma força tarefa para cavarem pelo menos 100 poços profundo por mês, a Coelce diz que, mesmo que os poços sejam perfurados, ela necessita de cerca de três meses para colocá-los em funcionamento.
“Demostrando o que a gente já disse aqui, que não há preparação, não houve planejamento para o enfrentamento deste momento de seca”, reafirmou o deputado. O socialista apontou outro problema decorrente da estiagem, o aumento dos preços dos alimentos. “É a inflação da seca”, afirmou, ressaltando que “se não fossem os programas sociais, as pessoas estariam passando fome”.
Entre tantos problemas agravados pela seca, Landim elogiou a iniciativa do Banco do Nordeste, que está fazendo um mutirão para renegociar as dívidas de 100 mil produtores. “Está cumprindo o que nos prometeu, que já foi uma conquista da Comissão da Seca”, disse, pontuando que “essa conquista devia se estender ao Banco do Brasil”.
ApartesEm aparte, o deputado Idemar Citó (DEM) exigiu que o governo estadual cobre providências em relação à demora das ações por parte da Coelce. Segundo ele, a Companhia “não liga” para o problema, para desespero dos sertanejos e, para ele, tem faltado competência, por parte de Brasília, para amenizar os problemas causados pela seca.
Paulo Facó (PTdoB) ressaltou que o Estado tem apenas seis máquinas perfuratrizes, das quais duas estão quebradas, e declarou que “se não fossem os programas sociais, haveria retirantes em Fortaleza e os problemas seriam maiores”.
O deputado Sérgio Aguiar (PSB) criticou também a Coelce, e disse que “ela não se compadece das pessoas que necessitam pelo menos dos poços para beber água, haja vista que ela está lucrando”.
O parlamentar afirmou que está trabalhando junto ao Ministério da Integração Nacional para que se amplie a zona do semiárido do Ceará, para que outros municípios atingidos pela seca possam usufruir de programas sociais.
Rochana Lyvian(Da Redação)