O deputado Fernando Hugo (PSDB) relacionou ontem, na tribuna da Assembleia Legislativa, a chegada do Bolsa Família com o aumento da violência no Estado.
O parlamentar baseou sua fala em levantamento do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) que aponta o crescimento das mortes de jovens por armas de fogo na década de 2000. “Não sou contra o Bolsa Família, mas é preciso que alguém estude essa relação entre homicídios, assaltos, e a droga reinando’’, considerou o deputado.
Fernando Hugo acrescentou que o estudo do Ipece não afirma que o aumento da violência está relacionado com o surgimento do programa. No entanto, analisou que a partir do ano de 2003, quando o programa foi implantado no Brasil pelo Governo Luiz Inácio Lula da Silva, “o crescimento da mortalidade por arma de fogo é extremamente crescente. Não dá para se contrapor a dados”.
No documento, levanta-se a hipótese desse aumento da criminalidade está ligada ao crescimento do tráfico de drogas, particularmente o crack. Segue o texto. “Seria necessário estabelecer uma conjunção de esforços conjuntos no Ceará entre as prefeituras, Governo do Estado, Poder Judiciário e Legislativo e Órgãos Federais na forma de um pacto para enfrentar essas questões nas suas diversas dimensões”.
Na avaliação do parlamentar, “uma multidão de jovens que recebe o Bolsa Família não trabalha e cultiva o ócio, e de uma forma geral incrementa o tráfico”. O parlamentar reiterou, em seu pronunciamento, não ser a favor da extinção do programa Bolsa Família. No entanto, alertou que “de 2003 a 2010, a crescente violência é assustadora, sendo marco proeminente, principalmente em grandes populações que existem fartura do Bolsa Família”. O parlamentar pediu aos sociólogos e estudiosos da área que estudem o caso.
RebateA deputada Rachel Marques, líder do PT, rebateu as afirmações do deputado tucano. Para a petista, a declaração de Fernando Hugo “é descabida, ridícula, porque não há pesquisa que mostre qualquer relação entre o Bolsa Família e o aumento da violência. São coisas que aconteceram no mesmo período, mas que não há qualquer relação causal, uma não é variável da outra”.
Na opinião da deputada, a fala de Fernando Hugo “é uma atitude preconceituosa contra os mais pobres”, uma vez que o programa é reconhecido pela Organização das Nações Unidas como uma política de referência mundial.
De acordo com a parlamentar, estudos comprovam que as famílias beneficiadas com o programa passam por um aumento da autoestima, estimulando, assim, o empreendimento de negócios de forma autônoma. Ela finalizou dizendo que há fartos estudos que não fazem nenhuma relação entre o Bolsa Família ao incentivo à preguiça.
ApartesEm aparte, o deputado João Jaime (PSDB) disse que o Bolsa Família pode não ser o responsável pelo aumento da violência, mas também não serviu para diminuí-la. “O Bolsa Família serviu para várias coisas. Para diminuir a violência, não. Ninguém está dizendo que o Bolsa Família aumentou a violência, mas o Bolsa Família não fez a violência diminuir”, explicou. Já o deputado Ferreira Aragão (PDT) ressaltou a importância do programa, mas alertou que “o que resolve o problema de violência é a educação”.