O estudo apresentado busca entender que políticas e estratégias foram usadas no Ceará e no Acre - outro Estado com indicadores positivos - para o alcance dos resultados satisfatórios, assim como em qual contexto
FOTO: FABIANE DE PAULA
Entre 2005 e 2011, os indicadores educacionais ultrapassaram os do Nordeste e o do País
O Ceará registrou avanço nos índices educacionais no período de seis anos, compreendido entre 2005 e 2011. Essa é uma das conclusões já apontadas pelo estudo que vem sendo desenvolvido pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), explicou ontem o coordenador do Desenvolvimento de Pesquisas da instituição, Antônio Augusto Gomes Batista, ao participar do Seminário Justiça como Equidade: Princípios e Práticas Escolares, que será encerrado hoje na Universidade do Parlamento Cearense (Unipace). q
Segundo o dirigente do Cenpec, uma organização não-governamental, a pesquisa inclui também o Acre, o outro estado do País em que indicadores positivos foram identificados pelo estudo, tomando como base o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). "No período observado, o Ceará ultrapassou os índices do Nordeste, bem como ficou acima da média nacional", disse.
Para se ter uma noção, ele esclareceu que, em 2005, o indicador do Ideb no Ceará ficou em 2.8; o do Nordeste, 2.9 e do Brasil, em 3.5. Já em 2011, a média registrada no Ceará foi 4.2; no Nordeste, 3.5; no País, 4.1.
A pesquisa, adiantou também, busca entender que políticas e estratégias foram usadas no Ceará e no Acre para o alcance dos resultados, assim com em qual contexto.
Iniciado no ano passado, lembrou Antônio Gomes Batista, o estudo ficará concluído no próximo ano e buscará apontar, ainda, como os resultados contribuíram para a redução das desigualdades nas escolas e entre os alunos dos dois estados brasileiros.
No Ceará, citou Batista, que é doutor em Educação e radicado em São Paulo, já é possível identificar que a melhoria nos indicadores educacionais resulta da adoção de políticas públicas no setor e na cooperação entre a rede municipal e estadual. Outra conclusão, mesmo que preliminar, é que os municípios de pequeno porte concentram, proporcionalmente, a maior parte das matrículas (cerca de 60%).
Dentre as políticas adotadas, merece destaque o monitoramento do processo ensino-aprendizagem. Também a atuação das Coordenações Regionais de Desenvolvimento parece ter sido determinante para os avanços, informou o palestrante. "O que as prefeituras têm feito para contribuir com os resultados precisa, ainda, ser melhor analisado", frisou.
Efeito metrópole
Assim como ocorre em muitas regiões do País, já é possível apontar que, em Fortaleza, os problemas na área educacional são graves, fazendo cair os indicadores. "Na Capital, se repetem os problemas comuns aos grandes centros urbanos", disse, lembrando que, em áreas de periferia e com maior adensamento populacional, a escola costuma ser um dos poucos equipamentos sociais e, muitas vezes, é levada a atender outras deficiências.
"Casos de violência ou de acolhimento de desabrigados podem interromper o funcionamento das unidades, tornando-as vulneráveis. Além disso, os alunos costumam ficar isolados onde residem, sem acesso aos equipamentos de outros bairros", citou, acrescentando que "por tudo isso, costumamos falar sobre o efeito metrópole na educação".
MOZARLY ALMEIDAREPÓRTER