Rachel Marques avaliou que as afirmações de Bolsonaro extrapolaram o exercício do mandato parlamentar e são uma agressão a todas as mulheres. “O caso foi examinado pelo colegiado do Supremo, após denúncias da Procuradoria Geral da República e da deputada Maria do Rosário (PT-RS). O relator do processo, ministro Luís Fux, disse que Bolsonaro incitou a prática do crime de estupro, e isso seria algo que precisa ser repudiado, informou.
De acordo com a parlamentar, a cultura do estupro fez mais uma vítima no Ceará. “Uma estudante estrangeira da Unilab foi estuprada em Acarape, no último sábado. A universitária sofreu a violência praticada por outro aluno, também estrangeiro”, salientou, defendendo que a sociedade precisa ainda enfrentar a cultura que prega que o homem tem poderes sobre a mulher.
A petista frisou que a cultura do estupro atribui à vítima o merecimento do sofrimento e lembrou que sempre tem se posicionado contra essa cultura machista. “É como se dissessem que a mulher que sofreu a violência merecia isso, para tirar toda a culpa do agressor”, pontuou.
Segundo a ONU, a cultura do estupro é a maneira como a sociedade normaliza o comportamento violento dos homens, citou Rachel Marques. “Isso significa que existe uma cultura para tirar o foco do agressor, que, na realidade, precisa ser punido por sua agressão. A cultura do estupro é justamente a naturalização da violência contra as mulheres e a aceitação do comportamento sexista e misógeno, como se os homens não precisassem responder por seus comportamentos e as mulheres precisassem se dar respeito em seus comportamentos”, afirmou.
Para a deputada, a decisão do STF em transformar Bolsonaro em réu tem um peso importante contra a cultura do estupro. “Nós nos deparamos cotidianamente com esses crimes, e agora demos um grande passo no enfrentamento da cultura do estupro”, ressaltou.
A petista salientou que Bolsonaro fez várias outras agressões, além das que foram pronunciadas no plenário da Câmara Federal. E isso, na sua avaliação, leva ao encorajamento da violência contra as mulheres.
Rachel também saudou os defensores públicos, que ocuparam as galerias, destacando que é favorável à aprovação de projeto de lei que concede reajuste salarial para a categoria. “A Defensoria cumpre papel importante na sociedade, principalmente na defesa dos mais pobres”, salientou.
Em aparte, a deputada Dra. Silvana (PMDB) disse que Bolsonaro tinha sido insultado antes de suas declarações e estava sobre forte emoção. A peemedebista disse que o réu possui projetos de lei para punir estupradores. “Depois desse incidente, a imunidade parlamentar fica muito ameaçada”, pontuou.
Rachel Marques disse que era lamentável uma mulher fazer a defesa de Bolsonaro, “principalmente em um país que registra um estupro a cada 11 minutos”.
JS/CG