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Siglas articulam espaço, mas relegam filiações - QR Code Friendly
Segunda, 02 Fevereiro 2015 05:03

Siglas articulam espaço, mas relegam filiações

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O presidente do PSD Ceará, Almircy Pinto, diz que o partido nunca fez campanha de filiações, pois as demandas eleitorais acabam se impondo O presidente do PSD Ceará, Almircy Pinto, diz que o partido nunca fez campanha de filiações, pois as demandas eleitorais acabam se impondo FOTO: KIKO SILVA
  Diante da flexibilidade para criação de partidos políticos no Brasil, o sistema eleitoral do País favorece a proliferação de legendas cujo objetivo claro é alcançar o poder. Sem representação expressiva de filiados, agremiações como PSD, PRB e o recém-criado PROS conquistaram ministérios do Governo Federal, reproduzindo as indicações às secretarias dos governos estaduais alinhados à Presidência da República. Assim, o fortalecimento da estrutura desses grêmios não acompanha o crescimento das siglas em representação no parlamento e cargos do Executivo. Oficializado em 2011, o PSD tem como líder o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. A legenda nasceu com robusta bancada de deputados federais, atraindo quadros da oposição, que saiu fragilizada. Nas eleições de 2014, o partido elegeu 38 parlamentares para a Câmara Federal. Kassab foi empossado ministro das Cidades. Usado como estratégia para dialogar com a bancada da oposição e arrefecer os ânimos no Congresso em favor do Governo Federal, o PSD foi recompensado com o Ministério em resposta ao apoio dado à reeleição da presidente Dilma Rousseff. No entanto, a estrutura da sigla em termos de organização partidária é discreta. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o partido só possui 195,4 mil eleitores filiados, número inexpressivo quando comparado com partidos como PMDB, PT, PSDB, PDT, DEM, PP, PTB e até siglas consideradas nanicas. No Ceará, o PSD possui 6.837 eleitores filiados e só elegeu um deputado estadual, Osmar Baquit, que deixa a Assembleia Legislativa para ser secretário da Pesca e Aquicultura. Com a saída de Baquit e de outros parlamentares da coligação para o Governo, o PSD terá, além de um cargo no Executivo, duas cadeiras no Legislativo, com a entrada dos suplentes Leonardo Pinheiro e Professor Teodoro. Prazo eleitoral O presidente do PSD cearense, Almircy Pinto, admite que o partido ainda não conseguiu fazer uma campanha para obter filiações, já que o processo eleitoral se impôs como demanda principal da legenda. "O PSD é um pouco diferenciado, porque se criou em cima de um prazo eleitoral. Fizemos só as filiações necessárias (...) Priorizamos as lideranças públicas em níveis municipal, estadual e nacional", diz. Atualmente, o PSD de Kassab está incentivando as lideranças regionais a coletar assinaturas para a criação de uma nova sigla, o Partido Liberal (PL). Questionado se é contraditório priorizar a fundação de uma outra legenda em vez de investir no fortalecimento do próprio PSD, Almircy defende que a agremiação está seguindo uma estratégia nacional. "Sacrifica a formação partidária, mas é um momento importante para fazer um exército que participa da guerra em vez de formar um exército que não vai participar da guerra", compara. O PRB é outro que conseguiu ter ascensão rápida nas cadeiras na Câmara Federal, saltando de 10, nas eleições de 2010, para 21 parlamentares eleitos para a Casa no ano passado. O espaço angariado credenciou a legenda a comandar o Ministério do Esporte, cujo titular é o pastor George Hilton. Conforme o TSE, pouco mais de 307 mil eleitores são filiados à sigla, criada em 2003, dos quais 17.216 estão no Ceará. Em alinhamento ao Governo Federal, o secretário do Esporte escolhido por Camilo Santana foi o deputado estadual David Duran, filiado ao partido do ministro George Hilton. O PRB elegeu um deputado federal no Ceará, pastor Ronaldo Martins. A legenda tem forte influência da Igreja Universal, que conta com projetos na área do Esporte. O recém-criado PROS, o partido com o maior número de prefeituras do Ceará e deputados estaduais eleitos, só tem 2.656 filiações de eleitores no Estado e 22.272 em todo o Brasil, conforme a última estatística do TSE. Oficializada em setembro de 2013, às vésperas do prazo para pretensos candidatos em 2014 trocarem de partido, a legenda já ganhou o comando do Ministério da Educação, com Cid Gomes, apesar de a direção nacional da sigla negar que o ex-governador seja cota do grêmio. No Ceará, o PROS elegeu 12 deputados estaduais e dois parlamentares para a Câmara Federal. Fiscalização O professor de ciência política Sérgio Néry explica que contribuem com o cenário a facilidade para se criar partidos e a pouca exigência do eleitorado. "A história brasileira tem poucos partidos longevos. Não há atenção e fiscalização por parte do eleitorado. O colégio eleitoral vota com o coração e simpatias que o candidato desperta em detrimento de um sistema partidário sólido, duradouro e que demonstre com clareza a ideologia", alega. O acadêmico defende uma reforma partidária que garanta a cláusula de barreira, que dificulta a sobrevivência de partidos que não têm representação parlamentar, e o incremento da democracia interna nas siglas. O cientista político Clésio Arruda lembra que o modelo de governar baseado na coalizão de forças políticas torna as vagas conquistadas no Parlamento e no Executivo mais relevantes na composição do Governo do que a organização dos partidos. "Essa representação é mais forte do que a organização interna pelo número de filiados, além das situações em que partidos se tornam estratégicos um para o outro, como o PROS, que passou a servir o PT", avalia. Lorena AlvesRepórter
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