Nascido em 1939 em Arneiroz, no Ceará, ele é filho de vaqueiro. Aprendeu bem novo, aos oitos anos, com o pai, o ofício de seleiro, confeccionando selas e outros equipamentos para vaqueiros, tropeiros e cangaceiros.
Ele e a família produzem calçados, bolsas, chapéus, carteiras, bancos, poltronas, além das selas, gibões e outros elementos da cultura vaqueira. O artesanato é feito com couro de cabra, pelica e camurça, compradas em diversas cidades do Nordeste e exportadas para fora do País.
Em entrevista à jornalista Kézya Diniz, Espedito detalhou como uniu criatividade e experiência no ofício de produzir materiais da cultura vaqueira, bem como técnica para criar um estilo próprio. Atualmente, as peças de Espedito Seleiro, além de comercializadas em todo o Brasil e em outros países, são expostas em desfiles e em centros de moda.
O artesão relatou ainda grandes dificuldades que precisou enfrentar em diferentes momentos da vida. Um dos casos foi quando o pai faleceu e ele tomou para si a responsabilidade de auxiliar a mãe no sustento dos nove irmãos. Outro exemplo ocorreu em momentos de escassez de matéria-prima para produzir as peças.“Aprendi muita coisa com meu pai. Eu e ele trabalhávamos para vaqueiros, ciganos, tropeiros e cangaceiros, mas as necessidades mudaram. O cangaceiro não montava mais. Fiquei sem saber para quem vender, dei a volta por cima e criei um estilo próprio. Mudei. Passei a fazer peças para um público diferente”, contou. Ele também começou a criar peças para padres, estudantes, doutores e artistas.
O artesão salientou também que lutou muito para manter a sua tradição em época de escassez de matéria-prima. “Já precisei comprar o animal, tirar o couro, tratar, pintar e desenhar. Quis manter a tradição da família, do meu Ceará, e não quero parar”, afirmou.
Fundador da Oficina Escola Espedito Seleiro, que passa para os mais jovens o ofício de artesão e a cultura, o artista frisou que tem muito orgulho de ter conseguido levar a cultura nordestina para fora do Estado e para fora do Brasil. “As pessoas costumam brincar que meu trabalho vai da cela para a passarela. Tenho um prazer imenso de ver as pessoas usando o que fiz e de ter levado nossa cultura para ser conhecida fora do País”, afirmou.
O deputado Audic Mota (MDB), que participou do programa, questionou a inspiração do artista para produzir a conhecida camisa com emblema do time Fortaleza, inspirada em gibões de vaqueiros. O artista explicou que na época estava fazendo um gibão, quando um grupo de pessoas viu seu trabalho e se interessou. “Eles pediram essa camisa de futebol e pensei que não tinha nada de errado fazer uma arte unindo o vaqueiro e a bola. Essa foi a minha inspiração. Um vaqueiro chic”, assinalou.
Espedito Seleiro afirmou ainda que seus filhos serão seus sucessores. Foca em manter a família unida e ainda tem muito o que ensinar àqueles que o acompanham. “Tenho planos para o meu futuro ainda”, disse.
Espedito Seleiro é Mestre da Cultura, reconhecido oficialmente pelo Governo do Estado do Ceará e pelo Ministério da Cultura. Em 2017, recebeu o Título de Notório Saber pela Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Conexão Assembleia é um programa multiplataforma da rádio FM Assembleia (96,7MHz), transmitido nas redes sociais da Assembleia Legislativa do Ceará, no YouTube e no Facebook, às segundas-feiras, a partir das 8h. A produção é veiculada também na TV Assembleia, às segundas-feiras, às 20h30.O programa fica disponível ainda no podcast da emissora. Basta procurar o canal nas principais plataformas de áudio, como Spotify, Deezer, Apple Podcasts e Google Podcasts.
GM/AT/com FM Assembleia