Renato Roseno explicou que, conforme dados da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Estado (Cogerh), 72% das outorgas de água são voltadas para a indústria, enquanto apenas 12% são para o abastecimento humano.
O deputado lembrou o momento de escassez de água atual, quando, em nível estadual, apenas 18% dos reservatórios estão abastecidos. “Nesse cenário, a obrigação do Estado é gerenciar essa escassez. A lei diz que deve ser prioridade o abastecimento humano”, afirmou.
O parlamentar citou ainda a “fragilidade” do Governo, “que, só agora, com as denúncias, organizou uma força-tarefa para apurar a situação”. “Sem contar a grande contradição que é pedir para o povo economizar os 12% de água que recebe, e não ampliar sua capacidade de controle. É uma irresponsabilidade”, frisou.
Renato Roseno fez menção ao pronunciamento do deputado Dr. Santana (PT), que criticou a política econômica adotada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levi, mas defendeu, em contrapartida, o Governo Dilma Rousseff.
Para o deputado, não é possível ser contra as medidas adotadas pelo ministro da Fazendo e ser a favor do Governo que nomeou o ministro. “É uma contradição difícil de sustentar. As medidas de Levi são totalmente recessivas, e nós somos totalmente contra essa lógica de aumentar os juros, pois isso está retirando os empregos da população”, disse.
Em aparte, os deputados Ely Aguiar (PSDC) e Manoel Duca (Pros) também se pronunciaram quanto à denúncia de desvio de água. Ely Aguiar questionou a tramitação de projeto de indicação, de sua autoria, aprovado pela AL, que cria o Fórum Permanente de Debates Sobre os Recursos Hídricos. Para ele, é o meio ideal para realizar estudos sobre a crise hídrica e acompanhar esse tipo de conduta.
Já Manoel Duca entende que o assunto deve ser debatido de forma mais aprofundada. “Camarão também é comida. E hoje em dia nós nem precisamos importar o produto”, defendeu.
O líder do Governo, deputado Evandro Leitão (PDT), disse que as empresas também precisam de água para seu funcionamento e para gerar emprego e renda. “O fato de abastecermos uma empresa não quer dizer que não se abasteça a população. Uma coisa não inviabiliza a outra”, pontuou.
Sobre o ministro da Fazenda, Joaquim Levi, o deputado João Jaime (DEM) afirmou que há uma dicotomia quando o Governo nomeia um ministro contrário às suas pretensões ideológicas. “O Levi está desfazendo tudo o que o PT prega, e isso está aumento o descrédito do Governo ante a população”, considerou.
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