A carta escrita pelo vice-presidente da República Michel Temer (PMDB) à presidente Dilma Rousseff é vista como “rompimento” por peemedebistas cearenses. O “desabafo” de Temer repercutiu, ontem, na tribuna e nos bastidores da Assembleia Legislativa do Ceará. “O meu pronunciamento foi para dar visibilidade a feliz carta extremamente bem elabora do vice-presidente da República. Uma carta cheia de verdades. O PMDB foi Governo, mas não foi considerado pelo Governo. Só foi convidado para atuar, quando a coisa ficou preta”, considerou a deputada Doutora Silvana (PMDB), ao puxar o assunto no plenário da Casa.
deputado audic rocha na foto de máximo moura
Comemorando o “rompimento”, Silvana disse que a fala de Temer veio em um momento apropriado. “Um momento certíssimo, quando o PT, mais uma vez, pensa que vai poder contar o grande PMDB. O PMDB é considerado grande pelo PT, quando se sabe que tem poder para cassar. No dia a dia, os nossos ministros eram desconsiderados, então éramos para de estarmos de chapéu na mão atrás do PT? O cordão de três dobras é mais difícil de ser quebrado. Se estivessem coeso, ligadinhos, mão a mão, coração para coração, não teria instabilidade alguma”, disparou.
O deputado Audic Mota (PMDB) salientou que o desabafo de Temer diz, claramente, que o PT nutria desconfiança com relação ao PMDB, mesmo sendo, segundo ele, o PMDB, “o ator principal”, na hora das dificuldades no comando da República. “O PMDB foi ator que assumiu o comando do teatro para tentar resolver ajuste fiscal, outras crises políticas, ou seja, na hora que é preciso, o PMDB é um bom parceiro, na hora que o problema está resolvido, passa-se agir com desconfiança, em função do PMDB ser o maior partido do Brasil, ter grandes caciques e ter luz própria”, pontuou.
“Com esta carta, o PMDB deixou claro que não vai assumir erros do PT, o PMDB não vai assumir erros da P da República, vai aguardar o contraditório, a ampla defesa e tomará, na época certa, a medida que julgar correta”, pontuou.
ImpeachmentO processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff também motivou os pronunciamentos, ontem, na Casa, e alguns parlamentares consideram o processo como um “golpe” à democracia.
A petista Rachel Marques ressaltou que tão logo o PT anunciou o apoio a abertura de processo contra o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB), ele recebeu o pedido de impeachment como retaliação. Segundo ela, trata-se apenas de manobra política no sentido de afastar da presidência quem foi eleito democraticamente. “Por isso, tantas manifestações estão sendo realizadas em todo o País, em favor de Dilma”, asseverou. A deputada também leu manifesto do Partido dos Trabalhadores em defesa da Presidente.
“Queremos que todos sejam julgados e condenados, mas somos totalmente contra o golpe, que estão querendo impor. Alguns políticos, como Eduardo Cunha estão mostrando a verdadeira cara de golpista. Tenho certeza que Dilma irá sair dessa posição difícil”, afirmou a a deputada Augusta Brito (PCdoB), pontuando que o Partido Comunista do Brasil briga pela democracia.
Já o deputado Júlio César (PTN) ressaltou que a grande maioria da classe política sabe que foi difícil consolidar a democracia no País e ponderou a necessidade de “não deixar que a população embarque nesta aventura”. “Temos que esclarecer a todos da importância de se manter o regime democrático e procurar evitar que a economia do País seja ainda mais prejudicada por essas manobras”, salientou.O deputado Elmano de Freitas (PT), Zé Ailton Brasil (PP) e João Jaime (DEM) também manifestaram-se sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff.